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FUNDAÇÃO UNIVERSA
RONEY
VIANA DE OLIVEIRA
INDISCIPLINA
Palmas-TO
2011
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INDISCIPLINA
Artigo Científico apresentado como
requisito para obtenção de nota no curso de Pós-Graduação Especialização em Gestão Educacional ,
complementação do PROGESTÃO, realizado pela Fundação Universa.
Orientadora: Profa. Ma. Sibele Letícia
Rodrigues de Oliveira Biazotto.
Palmas-TO
2011
INDISCIPLINA
Roney
Viana de Oliveira[1]
RESUMO
O presente artigo foi desenvolvido para
investigar as principais causas e conseqüências da prática de indisciplina na
escola, no caso, o Centro de Ensino Médio “Oquerlina Torres”, escola pública
estadual, atualmente com 927 alunos, situada na Avenida Araguaia, 1055, centro,
Guaraí, Estado do Tocantins, no intuito de buscar soluções ou ao menos moderar
os impactos do problema da indisciplina
em relação à aprendizagem. Averiguar quais os fatores que contribuem para a prática
de indisciplina, analisando todas as influências que podem ajudar a
promover a indisciplina na escola, sejam
elas externas e internas, bem como os
impactos da indisciplina no que diz respeito ao ensino-aprendizagem, também divulgar as ações desenvolvidas pelo
corpo docente da unidade escolar voltadas para o combate à indisciplina. Os
dados foram levantados para investigar
se os atos de indisciplina interferem direta ou indiretamente na aprendizagem
dos alunos. Os resultados indicam que a indisciplina na escola é uma forte
barreira que atrapalha e muito o bom andamento
do processo de ensino e aprendizagem, sendo para a maioria dos investigados (alunos e professores) um
sério problema que precisa ser resolvido,
pois os mesmos se sentem diretamente prejudicados, merecendo uma atenção
especial por parte de todos os envolvidos, pais, alunos, educadores e
sociedade.
Palavras-chave: educação, problemas e
indisciplina.
INTRODUÇÃO
A
análise dos dados levantados no que diz respeito á indisciplina na escola se
faz necessária para se constatar até que ponto a indisciplina interfere na boa aprendizagem,
seja em relação ao aprendizado dos alunos como também na aplicação das aulas
pelos professores.
O
projeto foi desenvolvido através de procedimentos qualitativos e quantitativos,
levantamento de dados estatísticos, registros da coordenação pedagógica e
entrevistas com alunos, professores, coordenação e direção da escola. A coleta
de informações foi realizada através de observações, entrevistas com
formulários de perguntas para os alunos e professores. A população entrevistada
foi na seguinte proporção: 30% dos alunos, 50% dos professores e 100% da equipe
da coordenação pedagógica e 100% da equipe gestora, a escolha
dos alunos que se submeteram a pesquisa
foi de forma aleatória, cinco de cada turma, totalizando 150 alunos. A pesquisa teve como
objetivo detectar as causas e conseqüências
da indisciplina e através dos resultados saber trabalhar com elas, no
intuito de se combater a indisciplina nas raízes do problema, que infelizmente,
é visto pelos professores da escola como um dos principais
obstáculos para uma boa educação, da mesma forma os alunos admitiram que o
problema da indisciplina afeta o
processo de aprendizagem, mas que também
foi constatado que a escola busca
alternativas para combater os atos indisciplinados e
garantir uma educação de qualidade.
1
MARCO TEÓRICO
Indisciplina
é um procedimento, ato ou dito contrário à
disciplina; desobediência, desordem, rebelião. (Novo Dicionário Aurélio da língua
Portuguesa, Editora Nova fronteira, 2ª Ed. 1998, p.938). A indisciplina, num
modo geral, é qualquer ato ou omissão tido como contrario a alguns princípios
regulamentares do regimento interno ou o descumprimento das regras básicas estabelecidas
pela escola ou pela sociedade. Para os
alunos muitas das vezes é apenas
não cumprir as regras impostas pela escola, ou simplesmente desafiar,
questionando a autoridade dos professores, hoje visto como um dos principais
problemas na educação.
As
suas causas são atribuídas há muitos fatores envolvendo os alunos, sua
estrutura familiar, posição social e outros, não sendo diferente em relação aos
jovens do Centro de Ensino Médio Oquerlina Torres, público alvo desta pesquisa.
Para se entender as razões ou causas são necessários meticulosos estudos sobre
os aspectos sociais e culturais dos indivíduos, pois isso
varia de escola para escola, de região para região, conhecer um pouco mais o
mundo a sua volta, suas visões e perspectivas em relação ao seu futuro social e funcional, sendo preciso compreendê-los,
ouvi-los, não só exigir o respeito pela coação, mas desenvolvendo o respeito
mútuo, entre aluno e professor, estabelecendo uma moral autônoma, não só pela
imposição de regras estabelecidas, para serem cumpridas sem questionamento, mas
pelo entendimento do que é ou não é moralmente aceito, uma espécie de
cooperação mútua, sendo necessário que o professor conheça bem os seus alunos
para melhor ensiná-los.
As maiorias dos autores de artigos
relacionados á indisciplina na escola ressaltam que o professor se utiliza de
estratégias que são inadequadas, que em vez de solucionar o problema, acabam
por agravá-lo, tendo como conseqüência a piora em relação ao comportamento dos
alunos na sala de aula, e ainda que o
professor primeiramente tem que aprender a se comportar frente aos alunos, e
que os alunos preferem que o professor resolva o problema ali mesmo na sala de
aula, sem a interferência da coordenação ou direção, e reclamam do desrespeito
do professor, no ato de chamar a atenção
do aluno na frente dos colegas, sendo preciso
ouvi-los para se chegar a uma conclusão, não aplicando uma sanção imediata,
agir na hora certa e principalmente manter a calma, evitando atitudes
constrangedoras e precipitadas. É preciso tratar a indisciplina como algo da
natureza humana, variando entre os indivíduos ou grupos, como coisas complexas
e incertas, mas que é preciso estudar muito sobre o problema, sabendo-se que
não uma tarefa fácil solucionar o problema da indisciplina, mas identificar as
causas já é um ponto de partida, pois o problema
sempre existirá não só na escola como também na convivência social das pessoas.
Fazer uma análise dos documentos
existentes na escola relacionados aos atos de indisciplina é de suma
importância. Fazer um comparativo com os anos anteriores ou meses,
levantamento dos motivos, números de envolvidos, onde há maior freqüência da
prática de atos indisciplinados. Os dados levantados tem de se levar em conta
desde uma simples advertência verbal (chamar a atenção do aluno), uso de
celular na
sala de aula, como também a casos mais graves, como atos de vandalismo, discriminação,
homofobia e violência física. A partir
daí pode ser realizado um trabalho de conscientização, envolvendo todo o corpo
docente e discente.
Alguns
professores colocam a culpa no atual sistema de ensino, que não dar o suporte
necessário para se controlar o problema, com a idéia de que a culpa será sempre
dos professores, como se não adiantasse enfrentar o problema, dizendo que a
escola de hoje não é mais como a de antigamente. A escola de antes era
mais fechada às mudanças e com um certo grau de rigidez, em que os professores
aplicavam castigos como a palmatória, puxões de orelha, ficar de pé na frente
de quadro, dentre outros, que era de natureza arcaica, mas que surtiam os seus
efeitos, sendo que na época era cultura aprovada pelos pais. E que em relação
ao modelo escolar de hoje em dia não se aplica
mais essas medidas constrangedoras, apenas simples advertências, chamar os pais
para conversar sobre o comportamento do aluno, e estes, muitas
das vezes nem aparecem na escola. O aluno leva uma suspensão num dia, e no outro dia ele consegue voltar para
a escola, muitos culpam também a direção, quando o assunto é levado para o
gestor resolver geralmente “passa a mão na
cabeça de aluno”, e que também a educação trazida de casa deixa a desejar, os
pais não impõe limites aos seus filhos, achando que a escola é que sozinha, tem
que educá-los para a vida.
Um fator preocupante é a evolução das
conseqüências causadas pela prática de indisciplina, especialmente nas escolas
da rede pública, em âmbito nacional, que
passou de simples xingamentos para a prática de violência física. Alunos e até
mesmo professores são alvos de agressões físicas nas escolas, como se vê
nos noticiários da TV, alunos agridem alunos,
alunos agridem os professores e até mesmos pais agridem alunos e professores, “tomando as dores” de seus
filhos, muitas das vezes resultam até em mortes. As agressões muitas das vezes não
acontecem nas dependências da escola, mas que dentro das escolas formam se
grupos, chamados também de “gangues” que se utilizam das escolas para
“encontros de combate”, marcados muitas das vezes pela internet, que são
filmados, para os agressores se exibirem e se auto promoverem. Alguns Estados
da federação adotaram serviços de parcerias com as escolas de proteção à criança, adolescentes e
jovens, que tem a finalidade de conscientizar os alunos a não praticarem atos
de indisciplina e uso de drogas, como também acompanham o dia-a-dia escolar. No
Estado do Tocantins foi implantada a “Patrulha Escolar”, em parceria com a
polícia militar, que faz ronda nas imediações das escolas com a finalidade de
inibir as práticas de violências, com o objetivo de reduzir o número de futuros
menores infratores, orientando e muitas vezes auxiliando na execução de medidas
disciplinadoras, no caso de Palmas-capital a criação e implantação do Colégio
Militar para jovens do Ensino Médio.
A indisciplina nos dias de hoje é tratada
como um dos principais motivos do fracasso escolar, tanto nas escolas
públicas quanto nas particulares, o problema chegou até mesmo nas universidades,
pois de qualquer forma compromete o rendimento escolar, estressando os professores,
apresentando-se das mais variadas formas e particularidades, de acordo com a
cultura e idade desses alunos. A indisciplina tornou-se um fator muito preocupante, não só
para os educadores, mas para toda
a sociedade em geral. Portanto ,
é um problema que necessita de atenção
especial para combatê-lo, é descobrindo suas verdadeiras causas que se dar o
pontapé inicial para solucionar o problema ou até mesmo controlá-lo. A escola de
hoje precisa de ajuda, buscando o envolvimento
de todos, não só por parte dos educadores, como também a participação da
família, do Estado e sociedade em geral.
Na
coleta de informações, nos documentos arquivados da coordenação da escola,
ficou constatado que 86 alunos foram advertidos, 4 suspensos, numa escola com
924 alunos, no ano de 2.010, nos turnos diurno e noturno. As advertências na
maioria das vezes foram aplicadas pela falta de respeito ao professor na sala de
aula, uma pequena parcela por discussão entre alunos, pulando o muro da escola
e de comportamento inadequado na hora do lanche. Quanto às suspensões, foram
todas por brigas entre alunos, em sua maioria com xingamentos, e que somente
uma delas que os envolvidos chegaram as “vias de fato” dentro do
estabelecimento escolar, mas sem maiores gravidades. Esses números parecem
poucos, mas se levarmos em consideração o números total de alunos, pode se
dizer que 9,5% dos alunos passaram pela coordenação escolar, apesar de nenhuma
ocorrência com gravidades, mesmo porque algumas advertências são aplicadas
apenas de maneira oral.
Foram
entrevistados os quatros coordenadores pedagógicos da escola e a orientação
escolar (apenas um componente), sendo que os mesmos afirmaram que fazem o
possível para a melhoria do ensino aprendizagem e combate a indisciplina, todos
os entrevistados destacaram entre os pontos mais relevantes a desestrutura
familiar, e conseqüentemente, falta do devido acompanhamento dos pais, e que os
alunos problemáticos da escola, geralmente
os pais não ligam, segundo a coordenadora Marilene Melo, alguns pais já
chegaram a dizer “façam o que vocês
quiserem com o meu filho, eu já tentei mas não dou jeito, podem expulsar...”. A
coordenação chama para comparecer na escola, eles não comparecem, não
acompanham as lições trabalhadas, não assinam as advertências, se marca uma
reunião só aparecem os pais dos alunos que
estão bem nos estudos. Disseram também a cada dia surgem problemas
diversificados, “a escola não está preparadas para enfrentar diversos problemas
atuais, como a homofobia e o bullying”, complementou a coordenadora Marilene, e
que os problemas sócio-econômicos influenciam e muito no comportamento dos
alunos, e que às vezes a indisciplina é
uma forma de desabafo para alguns alunos, e que quando visitam suas casas,
percebem que geralmente são muito carentes economicamente.
A
forma de como os alunos são educados em casa influenciam muito na escola, mas não é
somente esse aspecto que tem relevância para a influenciar
o comportamento, Aquino, 1996, p.97, ensina que:
“diferentemente das
idéias presentes no meio educacional, o comportamento indisciplinado não
resultam de fatores isolados (como, por exemplo, exclusivamente da educação
familiar, da influência da TV, da falta de autoridade do professor, da violência
da sociedade atual etc.), mas da multiplicidade de influências que recaem sobre
a criança e o adolescente ao longo
de seu desenvolvimento. É importante frisar que, vistas sob esse ângulo, as
influências são unidirecionais, não agem de forma isolada ou independente, nem
tampouco são realizadas de modo passivo na medida em que o indivíduo internaliza
(de modo ativo e singular) o repertório de seu grupo cultural. Sendo assim, no seu processo
de constituição, através das inúmeras interações sociais, receberá informações e
influências dos diferentes elementos (entendido como importantes mediadores)
que compõem este grupo: de determinadas pessoas *pais, mães, irmãos, primos,
avós, vizinhos e colegas de escola, amigos de rua, professores e outros
adultos, das instituições (família e escola), dos meios de comunicação
(especialmente TV) e dos instrumentos (livros, brinquedos e outros objetos)
disponíveis em seu ambiente.”
Aquino
ressalta que as influências para a prática de indisciplina pode
vir de vários fatores, o convívio familiar é uma das influências que mais requer atenção, pois, na verdade é a mais importante
na vida social do indivíduo, mas isso não quer dizer que as outras interações do meio onde vive não possa
também influenciar no comportamento do aluno, pois os jovens e adolescentes de
hoje, são verdadeiros captadores de influências e com tendências a rebeldia, ainda
mais com a evolução da comunicação através das redes sociais.
Os
coordenadores também apontaram que os professores devem diversificar as
metodologias de ensino, com o intuito de chamar a atenção dos alunos, pois
também percebem a falta de interesse para
assistir as aulas, e que alguns alunos já chegaram a afirmar que a aula estava
um tédio, ou que já tinha “abusado” da maneira com que um certo professor ministrava
a aula, e ainda que alunos
indisciplinados deveriam ter um acompanhamento especial e individual , mas que
o sistema de ensino não oferece o suporte necessário, pois o número de
funcionários ainda é pouco para a população discente, e que deveriam existir na escola profissionais
específicos e qualificados para tal finalidade,
como é o caso de psicólogos nas escolas, pois
o acompanhamento psicológico ajudaria e muito no enfrentamento do problema. Os
Coordenadores afirmaram ainda que o “fator crítico” da escola não é tão somente
o problema da indisciplina, e sim a falta de motivação, ou seja, os alunos não
vêem perspectivas de melhoras na vida profissional com os estudos.
Principais causas da indisciplina segundo
os coordenadores:
Foram feitas pesquisas com os
alunos, de todos os turnos, 150 alunos, escolhidos aleatoriamente, 5 por
turmas, já que a escola atende em 30 salas de aula. A coleta de dados foi
realizada sem a identificação do aluno, proporcionando assim um certo grau de
sinceridade nas respostas, pois os alegados conferem até um certo ponto com o
que foi informado pela coordenação. Perguntado se no ponto de vista deles, eles
se consideravam alunos disciplinados, responderam: SIM: 60,5 % e
NÃO: 39,5. O número de alunos que admitiram serem
indisciplinados é muito alto, quase a metade. Vejamos no gráfico o restante da
pesquisa:
SOBRE OS PRINCIPAIS MOTIVOS DA PRÁTICA DE
INDISCPLINA
Quanto
ao motivo “Falta de interesses pelos estudos”, os alunos
afirmam que não há perspectiva para o ingresso numa faculdade, pois a maioria
alega não ter condições financeiras para tal, e que seria mais interessante
cursar um curso de graduação numa universidade pública, mais que a maioria acha
o vestibular da universidade
federal muito difícil, afirmaram que estuda por obrigação para satisfazer o
desejo dos pais, ou simplesmente, possuir um certificado do ensino
médio e conseqüentemente, arrumar um emprego
no comércio local, também disseram os alunos
que não adianta estudar, pois a maioria dos empregos e cargos são “controlados por políticos”, e
que “tem muita gente com curso superior desempregada”. Ficou constatado que
falta muita motivação para os alunos se dedicarem mais aos estudos. No que diz
respeito ao não cumprimento dos deveres, os educandos disseram ainda que os
professores ajudam demais os alunos, não cobrando assiduidade e pontualidade, e
que os alunos já estão acostumados a não obedecer as regras, para a maioria são
regras desconhecidas. Importante dizer
que cerca de 30% dos alunos entrevistados são maiores de idade, grande parte desses
alunos maiores são estudantes do turno noturno, geralmente são alunos
trabalhadores. Perguntado quantos já tinham presenciado ou praticado atos de
indisciplina na escola, em quase sua totalidade responderam “sim” ( SIM 99,7%
e NÃO 0,03 %), três alunos disseram que foram vítimas da indisciplina
(agressões físicas) e um aluno admitiu ser vítima de bullying, sendo também
investigado quais os principais atos .praticados, vejamos os principais:
Sobre o desrespeito ao
professor, segundo os alunos, acontece de várias formas, como por exemplo, conversas
paralelas na hora da aplicação da aula,
o uso de celular na sala de aula para o recebimento
e envio de torpedos,
usam o celular como entretenimento (jogos) e até mesmo emitindo sinais sonoros
de chamadas na sala de aula, meio a uma
explicação de conteúdo tirando a atenção, e que o professor perde o tempo da
aula chamando a atenção do aluno. Segundo
a pesquisa, a maioria dos alunos, um percentual de (90%) requer providências contra o
uso do celular na escola, pois prejudica
a aprendizagem, 7% disseram que o uso do celular não prejudica a aprendizagem e 3%
disse que para atrapalhar a aula de acordo com a disciplina que o
professor trabalha. Sobre as respostas de como o uso do celular prejudica o
andamento das aulas, vejamos o gráfico:
No
que diz respeito ás sugestões e medidas a serem tomadas para o efetivo combate
à indisciplina e melhoria do processo de ensino- aprendizagem, os alunos acham
que as sanções são muito brandas, a coordenação deveria ser mais atuante nos
corredores, que deveria existir um processo de conscientização do aluno, de que estudar é uma necessidade básica para a
formação social e também apontam como motivo que alguns professores não
conseguem controlar as turmas, enquanto outros exigem mais, um aluno disse: ”tem
professor que é bonzinho, não exige o uniforme e deixa os alunos conversarem, tem outros que é ruim exige
que faz as tarefas e o uso de
uniforme”. Segundo ainda a opinião dos alunos, como a escola deveria combater a indisciplina,
vejamos o gráfico:
Quanto
à pesquisa realizada entre os professores da escola, os resultados não foram
diferentes dos coletados entre a
coordenação e os próprios alunos, ressaltando
as questões relacionadas a família (pouca ou nenhuma participação dos pais no processo
educacional) e o não cumprimento do regimento interno escolar por parte dos
alunos (às vezes por desconhecerem), sendo também mencionada que escola deveria
ter uma melhor interação entre professores, coordenação, pais, alunos e direção da escola, para
maiores cobranças em relação a postura do aluno referente ao seu comportamento, como também um
processo de conscientização dos alunos,
com palestras e reuniões, pois também ficou evidenciada a falta de
motivação “para aprender e para que aprender”, segundo os professores os alunos
não tem perspectiva de crescimento intelectual e profissional através dos
estudos, sempre com pensamentos negativos a respeito, e
que deve se cobrar (assiduidade e pontualidade no desenvolver dos trabalhos)
mais do aluno e que o diálogo pode ser a chave para solução do problema da
indisciplina, sendo sugerido que o professor trabalhe com conteúdos que
chamem a atenção dos alunos, de maneira
que os alunos possam compreendê-los e sentir prazer em aprender, algo que os
mesmos possam ver como interessante
ou importante para o uso no seu dia-a-dia. No gráfico a
seguir, podemos observar as principais causas no ponto de vista dos
professores.
Alguns
professores disseram que deveria existir um programa específico de combate a
indisciplina, mas que primeiramente, elaborar um processo de conscientização através de palestras
educativas e motivadoras com os alunos da escola, e também promover maior participação por parte dos pais no processo
de ensino aprendizagem, acompanhando de perto a vida
escolar de seus filhos, visando a formação de uma parceria inteiramente
participativa da família na escola, pois a escola tenta manter diálogo com os
pais ou responsáveis, mas que não conseguem em razão da resistência dos mesmos.
Uma
participação mais atuante dos pais na escola seria muito importante, pois assim
os pais poderiam acompanhar de perto e
participar ativamente da formação social de seus filhos. “Alunos indisciplinados geralmente não
aprendem, e nem deixa os outros aprenderem, os pais são chamados e os mesmos
não vem na escola”, disse uma professora. No geral, os professores também exige
que a coordenação pedagógica seja mais atuante, punições
mais severas, dependendo, dosadas a partir da
gravidade de cada caso de indisciplina, pois os alunos descumprem as
normas do Regimento Interno Escolar, e geralmente, não são punidos como deveria.
Vejamos
no gráfico abaixo as medidas que os professores julgam mais necessárias:
Quanto à entrevista com a gestora da
escola, Áurea Timbó, que atua na escola há pouco mais de três meses, a mesma
afirmou é comum encontrar alunos problemáticos na escola de famílias
desestruturadas, que os pais são ausentes na vida escolar dos filhos, não acompanham
os filhos como deveriam, transferindo a responsabilidade da educação dos filhos para a escola, “não
dão importância para a vida escolar e social do filho”, frisou, mas que apesar
de ser um fator importante não se pode atribuir
a culpa da indisciplina tão somente às questões
familiares, pois a escola na verdade enfrenta uma “crise de valores” que os
alunos deveriam ter adquirido no meio familiar e social. Dentre vários outros problemas que geram a
indisciplina, a gestora destacou a gravidez na adolescência, o uso de drogas e
problemas da sua vida cotidiana, e que muitas das vezes a agressividade é uma
maneira de externar a sua insatisfação individual por alguma coisa que não diz
respeito à escola. Quanto às providências que poderiam ser adotadas para
combater a indisciplina, a mesma informou
que a escola está trabalhando gradativamente, iniciando pela inclusão do tema
“Disciplina”, que foi trabalhado textos com os alunos no 2º dia “D” da Leitura,
projeto de incentivo a leitura criado pela Secretaria de Educação deste Estado,
sendo realizados em todos os bimestres do ano letivo, para se trabalhar
assuntos de livre escolha da escola, mas sempre focalizado na leitura. O
auxilio da Patrulha Escolar que faz ronda nas imediações da escola, que também
ministrou palestras na escola, no sentido de informar sobre a importância dos
direitos e deveres dos alunos, para prevenir a indisciplina e violência escolar,
como também a aplicação de medidas contra o uso do celular pelos alunos, que
deu início há pouco dias, apesar de que desde 2.008 já existir uma lei estadual que proíbe o uso de celular
na escola ( Lei 225/2008, de 13 de agosto de 2008) , medida esta que não foi
empregada pela gestão anterior, sendo feita também reuniões com pais e alunos
quando da entrega do boletim de notas bimestrais, onde na oportunidade os pais,
alunos e professores discutem os pontos em que o aluno precisa melhorar, e que o
baixo rendimento geralmente estar interligado com a indisciplina.
Diante da pesquisa, ficou
evidenciado que muitos fatores externos e internos contribuem para a prática da
indisciplina na escola, a maiorias dos alunos indisciplinados pertencem a famílias
desestruturadas, geralmente, pobres financeiramente, há também influências relacionadas
a fatores sociais, como também dos ídolos, programas de televisão, parentes
próximos e até de grupos de amigos a que o aluno pertence, geralmente os alunos
indisciplinados não são nem um pouco monitorados pelos pais. Existe também a banalização
de valores como de respeito aos professores e a subordinação às regras
estabelecidas para o bom convívio escolar e
social.O aluno não tem motivação para despertar mais interesse pelos estudos, visando
um futuro melhor, pois se acham capazes apenas de conseguirem a modesta
conclusão do ensino médio, a
educação superior é vista como um sonho dificílimo para determinados alunos. O
aluno indisciplinado não tem interesse em aprender e tira
a oportunidade de outros alunos aprenderem, pois se perde muito tempo com aluno
que não quer nada, desviando a atenção do foco principal das aulas que é a
aprendizagem. Constatou-se ainda que a escola,
através de todo o corpo docente se empenha na resolução do problema, promovendo
palestras de informação e prevenção, trabalhando sempre com temas diretamente relacionados com a
indisciplina, como também é o assunto
debatido nos Dias Temáticos, Dia “D” da
leitura, dentre outras atividades sempre com o objetivo de tentar neutralizar a
indisciplina, inclusive já se tem obtido alguns resultados no sentido de controlar o uso indevido de celulares na sala
de aula, que segundo eles mesmos, atrapalha
e muito a aprendizagem dos alunos. Apesar de desprestigiada, a escola ainda é
reconhecida como instituição importante na formação do cidadão. Para alguns
autores a escola é tida como entidade muito importante para a formação de
pessoas, isso porque:
“A escola continua
sendo, extremamente valorizada e preservada. Ela resiste aos ventos dos novos
tempos, mais do que até mesmo a família. Firme, forte e em franca expansão, a
escola continua sendo o grande sustentáculo da sociedade e considerada como
elemento-chave da formação do sujeito, da construção da cidadania, do
desenvolvimento tecnológico e da expansão da economia” ( LA
TAILE ; SILVA;JUSTO, 2005, P.35)
Embora
muitos alunos se considerarem “indisciplinados”, a escola não deve parar de
lutar visando melhorias no que diz respeito a indisciplina, pois até mesmo
os alunos acreditam em mudanças, pois os
mesmos cobram que a escola se torne uma instituição de modo mais
autoritário para a solução do problema, pois
segundo os mesmos a indisciplina atrapalha as aulas e comprometem a
aprendizagem, e que os professores, coordenadores e direção devem atuar com
mais vigor no combate a indisciplina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste trabalho de pesquisa
ficou comprovado que a indisciplina na escola é um problema sério e difícil de
ser solucionado, mas a partir da identificação das causas e influências podemos combatê-la com maior
eficácia, não sendo apenas um problema relacionado ao comportamento na escola entre
alunos, professores, funcionários da escola e família, é um problema que afeta
as relações humanas, não só existe no Centro de Ensino Médio “Oquerlina
Torres”, mas em todas as escolas do país,
bem como outras instituições de convívio social.
Percebemos que há uma espécie de
jogo de culpa, o aluno culpa o professor, o professor culpa o aluno, a
coordenação culpa a base familiar, e assim por diante, os funcionários culpam o
sistema de ensino, e não se chega a um consenso para as tomadas das medidas
estratégicas inerentes ao combate à indisciplina. Apesar de que a escola em
questão deu inicio a esse trabalho, como as palestras educativas, não
permitindo o uso de celular na sala de aula, trabalhando o tema nas datas
especiais do calendário escolar, é preciso adotar medidas para que as famílias
realmente participem dos trabalhos da escola, não só das reuniões para entrega
de boletins, ou reclamações do comportamento de seus filhos, mas também uma
integração para formação de parcerias, a família realmente precisa participar
do processo de educação de seus filhos, não apenas como meros espectadores, mas
também se posicionar, sugestionar e até mesmo criticar e incentivar os alunos. Tiba,
(2002, p.183) afirma que
“Se a parceria entre
a família e a escola se formar desde os primeiros passos da criança, todos
terão muito a lucrar. Quando a escola, o pai e a mãe falam a mesma língua e tem
valores semelhantes a o aluno aprende sem grandes conflitos”
Outra questão é a falta de respeito
existente na escola, que foi o maior índice apontado na pesquisa de atos
indisciplinados. Os alunos admitiram que um dos atos mais comuns de
indisciplina na escola é o desrespeito ao professor na sala de aula, através de
conversa paralelas, postura inadequada e até mesmo xingamentos. Alguns alunos
disseram que o professor também desrespeita o aluno, não deixa o aluno se
expressar para se defender. Para se ter disciplina tem que também haver respeito.
(Piaget 1996) já dizia que o respeito é a base para a aquisição de novos
valores morais. Sem uma boa relação entre professores e alunos, é praticamente
impossível uma boa aprendizagem. Portanto, é necessário que haja respeito mútuo
entre as partes, o professor também precisa deixar o aluno se expressar, o
diálogo ainda é um fator muito importante em todas as negociações, é preciso
desenvolver um trabalho de cooperação, com certeza dessa forma podemos alcançar
melhores resultados em relação ao rendimento escolar do aluno.
Outro ponto que chamou a atenção é a falta de interesses
dos alunos pelos estudos, sendo apontado pela pesquisa feita entre os alunos e
os professores, como um dos principais
motivos da prática de indisciplina, visto que os mesmos não tem perspectivas de
obter algo na vida através dos estudos, e é realmente o que eles demonstram na
sala de aula. É preciso se trabalhar a parte da motivação, não se pode ter uma
boa aprendizagem com aprendizes que não se interessam pelo que é ensinado, que
acham que aqueles conhecimentos não serão úteis na sua vivência. Portanto, é
necessário fazer o aluno perceber a importância dos estudos na sua formação
social e profissional, para que o mesmo possa valorizar o que lhe ensinado e
tirar o máximo proveito dos ensinamentos não só para o lado profissional, mas
para toda a sua vida em sociedade.
Na luta para a contenção da
indisciplina na escola, é preciso os esforços de todos os envolvidos, dos
professores, alunos, funcionários da escola família e sociedade em geral, sendo
que a família é a base de toda a estrutura, é nela que o indivíduo toma nota
das primeiras regras, limites e valores. As conseqüências da desestrutura
familiar se reflete quase em sua totalidade nas escolas, problema que tem de
ser resolvido pelos educadores, pais e sociedade, não pela polícia, como é o
caso do Programa “Patrulha Escolar” ou a necessidade de intervenção militar,
como aconteceu no Centro de Ensino Médio de Palmas. Os educadores tem que motivar mais seus alunos, como também
os pais acompanhar e incentivar os seus filhos, desenvolvendo assim nos
educando valores de cooperação e
responsabilidade, proporcionando o
comprometimento do grupo em relação a aprendizagem e desenvolvimento de
um trabalho em equipe, criando regras claras que precisam ser cumpridas, mas
sempre abertas ao diálogo. A escola é uma instituição muito importante para o desenvolvimento
social dos indivíduos, é nela que se prepara o indivíduo para o verdadeiro
exercício de cidadania, desenvolvendo “cabeças pensantes”, por isso todos os
envolvidos tem que lutar de mãos dadas, somando esforços para se chegar a um
objetivo em comum, educação com qualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, Miriam. Violência
nas escolas: versão resumida- Brasília, Unesco Brasil, Rede Pitágoras.
Instituto Ayrton Senna, Unaids, Banco Mundial, Usaid, Fundação Ford, Consed,
Undime, 2003.
AQUINO, Julio Groopa.
Indisciplina na escola./alternativas teóricas e práticas. São Paulo; Summus, 1996.
PIAGET, Jean. O Juízo moral
da criança.São Paulo; summus, 1996
Revista Nova Escola. Indisciplina,
como se livrar dessa amarra.Ano XXIV, nº 226, outubro 2009.
TIBA, Içami. Quem ama,
educa. São Paulo, gente, 2002
Anexo A
PESQUISA
Finalidade: Construção do Artigo Científico do Bibliotecário Roney
Viana de Oliveira (Bibliotecário) – Curso de pós-graduação em Gestão Escolar.
1)
Você
se considera um aluno disciplinado?
2)
Quais
os fatores que você acha que contribuem para a indisciplina na escola?
3)
Você
já presenciou algum ato de indisciplina na escola? Descreva-o.
4)
Você
acha que a indisciplina atrapalha a aprendizagem dos alunos? Por quê?
5)
Você
acha que a indisciplina atrapalha a aplicação das aulas?Por quê?
7) O que deveria ser feito para combater a
indisciplina na escola?
ANEXO B
PESQUISA
Finalidade: Construção do Artigo Científico do Bibliotecário Roney
Viana de Oliveira (Bibliotecário) – Curso de pós-graduação em Gestão
Escolar.
1)
Quais
os fatores que você acha que contribuem para a indisciplina na escola?
(Familiar, psicológico, etc...)
2)
Como
a escola enfrenta o problema da indisciplina?
3)
Até
que Ponto você acha que a indisciplina atrapalha na aprendizagem dos alunos?
4)
Quais
as medidas adotadas pela escola para o combate à indisciplina?
ANEXO C
PATRULHA ESCOLAR - PALESTRA SOBRE A
INDISCIPLINA
ANEXO D
1º E 2º DIA “D” DA LEITURA - TRABALHANDO SOBRE MOTIVAÇÃO E DISCIPLINA
ANEXO E
II DIA TEMÁTICO – TEMA: RESGATANDO EDUCAÇÃO E
VALORES DA COMUNIDADE
[1]
Graduado em Pedagogia pela UNITINS e Pós-Graduando do Curso de Especialização
em Gestão Educacional, complementação do PROGESTÃO, realizado pela FUNDAÇÃO
UNIVERSA.